Olá! Meu nome é Gabriel Fernandes. Sou de uma pequena cidade chamada Petrópolis no Brasil, e cresci e fui criado no Rio de Janeiro. Agora, vou estudar na University of the South Sewanee nos Estados Unidos (EUA) com a esperança de me formar em Estudos Internacionais e Globais com ênfase em Política.

Minha Trajetória Educacional

Estudei em uma escola brasileira tradicional, onde o foco acadêmico era principalmente preparar os alunos para o exame nacional de ingresso na universidade chamado ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Por causa disso, não tive muita exposição a oportunidades internacionais até meu último ano do ensino médio em 2023, quando pude começar a me preparar seriamente para universidades dos EUA, graças a programas de mentoria e orientação mais estruturada. Foi quando comecei a elaborar minha lista de universidades para as quais eu me candidataria posteriormente.

Embora o foco acadêmico da minha escola fosse diferente do caminho de candidatura internacional que escolhi, o apoio deles foi essencial. Eles me ajudaram a preparar documentos importantes, como o histórico escolar traduzido, e possibilitaram que os professores escrevessem minhas cartas de recomendação. Foi um lembrete de que, mesmo quando buscamos objetivos que não se alinham totalmente com nosso ambiente, aprender a lidar com essas diferenças faz parte da jornada.

Depois de me formar, decidi tirar um ano sabático para fortalecer meu perfil acadêmico, já que as universidades dos EUA são conhecidas por seu processo de candidatura rigoroso e holístico. Durante esse tempo, pude me concentrar em coisas que realmente me importavam, desenvolvendo meu projeto de paixão Caminhos da Expressão, ingressando na Latin America Leadership Academy, melhorando meu inglês e participando de várias conferências do Model United Nations (MUN). Esse ano sabático me ajudou a crescer pessoal e academicamente, e me deu a clareza para me candidatar com um senso de propósito mais forte.

Quebrando a Barreira do Idioma

Em 2020, decidi começar a aprender inglês por conta própria. Comecei fazendo alguns cursos de inglês no Centro de Cultura Anglo-Americana e na Fisk (escolas particulares de inglês bem conhecidas no Brasil), mas a maior parte do meu aprendizado real veio depois, através de aulas de idiomas online, principalmente no YouTube. Quando comecei a me sentir um pouco mais confortável com o novo idioma, passei a praticar através de videogames, o que realmente me ajudou, pois me permitiu ter conversas reais com outras pessoas com mais frequência e tornou o processo de aprendizagem muito mais fácil.

Levou cerca de 2 anos para eu chegar ao ponto de entender completamente uma situação em inglês. Sinto que realmente comecei a melhorar em 2023, quando atingi o nível B2 e agora C1, que são níveis internacionais que mostram o quão fluente alguém é (B2 é intermediário avançado e C1 é capaz de se comunicar bem em situações avançadas).

O principal desafio foi ganhar confiança para aprender de dentro do Brasil, onde apenas uma pequena porcentagem da população fala inglês fluentemente. Isso dificultou minha interação e prática das habilidades de fala, então comecei a entrar em contato com pessoas na internet. Ao realmente sair da minha zona de conforto e falhar muito (pronúncia errada, palavras erradas, etc.), consegui ter sucesso no idioma mais tarde, e sou muito grato por ter começado essa jornada quando comecei.

Meu Personal Statement e Aplicação

Eu me inscrevi através do Common App, e dentro dele era necessário escrever um ensaio sobre mim mesmo. Eu o escrevi centrado na metáfora de uma colmeia, inspirado em um dos meus filmes favoritos chamado Bee Movie. Usei isso para descrever como, dentro da escola, eu frequentemente via pessoas em grupos isolados e sentia como se estivesse sempre do lado de fora. A história seguiu minha jornada de transformar esse sentimento de outsider em uma força, aprendendo a me conectar com as pessoas, apoiar os outros e encontrar minha voz, inspirando os outros também.

Um dos maiores pontos de virada é quando descrevo como perdi ao concorrer para presidente de turma. Naquele momento, eu poderia facilmente ter encarado como um passo para trás, mas, em vez disso, isso me ajudou a descobrir qual era meu verdadeiro objetivo em criar conexões, e essa falha então me impulsionou a começar a construir pontes na minha comunidade. Mais tarde, fui selecionado como orador da turma na minha formatura do ensino médio, o que foi definitivamente um marco, pois ajudou a mostrar minha resiliência no meu ensaio e como permaneci focado nos meus objetivos de me conectar com os outros e apoiar minha comunidade, apesar das coisas não saírem conforme o planejado.

Para a aplicação em si, eu me inscrevi com a opção test optional (que é quando os candidatos têm a escolha de enviar ou não as notas do SAT ou ACT como parte de sua aplicação), com um GPA de 8,3/10 no Diploma Brasileiro, que é em torno de 3,4 para os EUA. Como mencionei na minha jornada de inglês como segunda língua, fiz o DET (Duolingo English Test) e obtive 125 no teste final, então usei isso para minha proficiência em inglês. Participei de muitos MUNs no ensino médio e ajudei a organizar conferências durante meu ano sabático, o que me ajudou no processo de aplicação, pois teve um grande impacto positivo ao ser reconhecido pelos principais portais de notícias da minha região. Um dos mais memoráveis foi representar o Brasil no Harvard Model UN, debatendo ao lado de mais de 4.000 estudantes de mais de 50 países.

Minhas Atividades Extracurriculares

• Fundador do Caminhos da Expressão - um projeto de paixão que usa oficinas de inteligência emocional e educação para ajudar jovens a desenvolverem sua voz. Alcançamos mais de 130 estudantes e fizemos parceria com psicólogos voluntários.

• Participação em bootcamp virtual de liderança - Participei da Latin America Leadership Academy, uma rede que desenvolve jovens líderes de mais de 18 países, fui premiado com uma bolsa de $100 entre mais de 1000 candidatos, e apresentei o pitch final para mais de 90 pessoas.

• Delegado no Harvard Model United Nations 2024 - participei de uma conferência de 4 dias com mais de 4.000 estudantes de mais de 50 nacionalidades.

• Diretor Acadêmico do MUN da PUC-Rio - ajudei a organizar e liderar um comitê de desenvolvimento sustentável do Modelo das Nações Unidas. Escrevi guias de estudo e orientei 250 estudantes do ensino médio e universitário.

• Organização do MUN interno da minha escola - atuei como delegado e posteriormente como organizador do projeto MUN da escola.

• Melhor delegado no DiploMUN - debati liberdade de expressão durante 2 dias, alcançando o 1º lugar entre mais de 30 participantes em um comitê MUN com mais de 830 pessoas em todo o Brasil.

• Projeto voluntário de arrecadação de fundos - ajudei a angariar múltiplas doações para instituições locais que trabalham com vulnerabilidade social.

Descobrindo Meu Projeto de Paixão

Na minha declaração pessoal, também falei sobre meu projeto de paixão. Inicialmente, eu o criei com outros dois jovens que conheci durante minha participação na Latin America Leadership Academy (o maior bootcamp de liderança da América Latina), onde percebemos que todos nós tínhamos experimentado o desafio de nos expressarmos e, assim, partimos com uma ideia simples, mas poderosa, de que emoções como ansiedade e nervosismo não são barreiras, mas combustível, e a chave era usar essas emoções de forma criativa.

Caminhos da Expressão é um projeto que nasceu do desejo de transformar a forma como as pessoas se conectam através da comunicação. Acreditamos que cada um carrega uma maneira única de se expressar e que, com orientação e apoio, é possível desenvolver essa habilidade de forma confiante e autêntica. Nosso objetivo é ajudar pessoas que têm dificuldades com falar em público (devido à timidez, insegurança ou falta de oportunidades para praticar), oferecendo um espaço seguro para construir autoconfiança, inteligência emocional e habilidades de liderança, promovendo o discurso como uma ferramenta de expressão e transformação.

Através disso, trabalhamos com indivíduos, ensinando-os a transformar suas vozes em uma expressão de si mesmos, organizando workshops projetados em torno desse insight fundamental. Durante salas de discussão interativas lideradas por psicólogos profissionais, os estudantes se abriram sobre suas experiências, e nós os guiamos na mudança de perspectivas, passando de ver suas ansiedades como algo negativo para vê-las como fontes de energia que poderiam impulsionar seus discursos, aumentar sua autenticidade e ajudá-los a se conectar profundamente com seu público.

Por que escolhi Sewanee

Inicialmente, eu estava procurando uma universidade além dos rankings e que oferecesse um excelente suporte financeiro. Depois disso, comecei a buscar programas focados em liderança e crescimento pessoal, juntamente com desafio intelectual. Em Sewanee, isso se manifestou de várias maneiras. O Programa Bonner Leader e o Escritório de Engajamento Cívico estavam integrados à forma como a universidade pensa sobre propósito e pertencimento. Quando li sobre o trabalho que os estudantes Bonner estavam fazendo em Nashville e nas áreas ao redor, pude ver um caminho para combinar o que amo, usando política, psicologia e narrativas para superar divisões, com como eu poderia contribuir como estudante.

Ser selecionado como Bonner Leader e Sullivan Scholar confirmou e me fez escolher a universidade, vendo além de onde eu estava, mas para onde eu poderia ir. Então, enquanto outras universidades tinham ótimos programas no papel, Sewanee parecia um lugar que já estava alinhado com quem eu era e quem estou tentando me tornar, além da bolsa de estudos integral que tornou essa decisão financeiramente possível.

Para minha bolsa, combinei o International Honours Award, uma bolsa baseada em mérito concedida na minha carta de aceitação, com a aceitação no programa Bonner e o auxílio financeiro baseado em necessidade. Isso ajudou muito porque, se eu não a tivesse recebido, não poderia pagar Sewanee, que era/é uma das minhas universidades dos sonhos desde que comecei o processo de candidatura.

Preparando-se para os EUA

Acredito que tudo está relacionado e se conecta à comunidade, e assim consegui me juntar e agora faço parte de uma ótima comunidade online com outros estudantes internacionais nos EUA. Portanto, minha principal forma de preparação tem sido conversar com pessoas que já passaram por esse tipo de adaptação e mudança.

Estou começando a ficar bastante nervoso enquanto espero o momento chegar, especialmente financeiramente. Emocionalmente, acredito que será um grande desafio também, mas tenho confiança de que serei capaz de superá-lo rapidamente, especialmente com o apoio da comunidade de outros brasileiros nos EUA.

Como calouro, Sewanee tem uma política onde você precisa morar no campus, o que definitivamente está tirando o estresse dos arranjos de moradia. Acredito que provavelmente continuarei morando no campus pelo resto do meu curso também, porque isso me dará a experiência universitária completa, tendo um colega de quarto, indo às aulas e conhecendo pessoas de muitos contextos diferentes. Isso ajudará mais a me conectar com a universidade e realmente aproveitar o ambiente universitário.

Conselhos para Futuros Estudantes Internacionais

O maior conselho que eu daria é manter a mente aberta sobre as universidades, e sobre quem você é e quem você pode se tornar durante o processo. Quando você começar sua candidatura com essa mentalidade, ficará surpreso com o quanto aprenderá sobre si mesmo, através dos seus ensaios, bem como nas escolhas que fizer, nas metas que estabelecer e nas histórias que decidir contar.

Eu diria para não limitar seus sonhos com base no que parece possível de onde você está agora. O processo irá desafiá-lo, mudá-lo e revelar partes de você que nem sabia que existiam. É mais do que apenas entrar em uma faculdade; é uma jornada de descoberta da sua própria voz.

Se eu pudesse voltar atrás, teria usado mais do meu tempo livre para explorar mais a parte acadêmica, mas focando também em me conectar mais profundamente com meus interesses, minha comunidade e atividades extracurriculares. Essas são as coisas que mais me ajudaram a crescer e que agora vejo que eram tão importantes quanto qualquer teste ou histórico escolar.