Ensino Médio no Brasil
Durante toda a minha vida, estudei em escolas públicas no Brasil, que seguem um sistema diferente do ensino médio nos Estados Unidos. Por exemplo, temos um horário rígido e não podemos escolher nossas aulas, níveis ou matérias de estudo. Além disso, não somos obrigados a participar de atividades extracurriculares, trata-se apenas de frequentar a escola, estudar e fazer provas.
No entanto, meu ensino médio foi uma exceção. Era uma escola técnica pública projetada para dar aos alunos uma prévia do estudo de uma área específica, sem necessariamente se comprometer com uma. De manhã, tínhamos aulas padrão, seguidas por disciplinas específicas como gestão de pessoas e estratégias de negócios à tarde.
Diferentemente de outras escolas, não tínhamos oportunidades de AP ou IB. Apesar disso, era uma escola altamente competitiva para entrar. A admissão era baseada em uma prova, e apenas aqueles com uma certa pontuação podiam frequentar.
Processo de Candidatura
A jornada de me candidatar à faculdade foi um pouco confusa para mim. Só decidi me candidatar um ano antes do meu último ano do ensino médio, o que foi bem tarde. Mas, eu já havia feito muitas atividades que realmente ajudaram na minha candidatura. Como uma criança muito quieta e curiosa, desenvolvi um grande interesse em entender como o empreendedorismo poderia influenciar as pessoas. Comecei a criar minhas próprias startups e participei de competições de forma independente. Essa experiência foi crucial para me candidatar às faculdades de alto nível.
Felizmente, recebi apoio financeiro do governo dos Estados Unidos através de um programa chamado Opportunity Funds. Este projeto busca encontrar estudantes talentosos em todo o mundo que tenham as habilidades e o potencial para estudar em faculdades de ponta. No entanto, esses estudantes podem não ter informações suficientes para se candidatar ou o dinheiro necessário para o processo, considerando as várias taxas e cobranças envolvidas.
Fui selecionada para este programa durante meu último ano do ensino médio, e isso transformou fundamentalmente meu processo de candidatura. Lembro-me de passar a maior parte do meu último ano trabalhando em redações para faculdades. Minha lista final de faculdades só foi concluída em junho, com as candidaturas enviadas em dezembro.
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Programa Opportunity Fund da EducationUSA
Mais detalhes sobre o programa:
https://educationusa.state.gov/foreign-institutions-and-governments/special-programs
O Programa Opportunity Fund é patrocinado pela EducationUSA. Embora não esteja disponível em todos os países, é amplamente implementado na América Latina, especialmente no Brasil. A cada ano, eles iniciam um processo de seleção que funciona de maneira semelhante a uma inscrição para a faculdade, mas em menor escala. Os candidatos devem enviar seu histórico acadêmico, preencher formulários e fornecer redações para consideração.
Considerando que normalmente admite cerca de 20 estudantes por ano de todo o Brasil, a competição é bastante intensa. O processo de seleção ocorre em janeiro e fevereiro, com os resultados sendo anunciados em março. A partir daí, os estudantes escolhidos trabalham em estreita colaboração com o programa ao longo do ano para preparar e enviar suas inscrições para a faculdade até dezembro.
O programa cobre principalmente os aspectos financeiros do processo de inscrição. No entanto, é importante notar que ele não cobre as mensalidades. Como parte do acordo, somos obrigados a assinar contratos reconhecendo essa limitação.
Lista de Faculdades e Rejeições
Eu certamente enfrentei uma boa quantidade de rejeições durante meu processo de candidatura. Me inscrevi em um total de oito faculdades: Stanford, Harvard, Universidade da Pensilvânia (UPenn), Babson, Emory, Lehigh, Simmons e Agnes Scott College.
Optei pela Early Action em Stanford, enquanto as demais foram por meio da Regular Decision. No final, fui aceita em Stanford e Simmons. Felizmente, Stanford era minha primeira opção. Então, quando recebi a aceitação em dezembro, fiquei bastante tranquila durante o Ivy Day, quando as outras decisões foram anunciadas.
Auxílio Financeiro
Eu recebi uma bolsa (quase) integral de Stanford. O auxílio financeiro cobre a mensalidade completa, moradia, seguro de saúde e todas as taxas que eu precisava pagar. No entanto, eles não cobriram despesas pessoais, mas me ofereceram um trabalho no campus para compensar quaisquer custos pessoais que eu possa ter durante o ano acadêmico.
Eu também recebo apoio financeiro de uma organização no Brasil que está disposta a pagar pela minha educação. Eles estão prontos para cobrir meus custos pessoais durante os quatro anos de faculdade, basicamente me dando uma bolsa a cada semestre. Eles querem que eu me concentre nos meus estudos e na construção da minha carreira, em vez de precisar trabalhar ao mesmo tempo. Essa grande ajuda me permitirá dedicar mais tempo e esforço aos meus estudos.
Adequação à Stanford
Minha paixão por empreendedorismo e inovação começou a se desenvolver quando eu tinha 15 anos, e foi quando fundei minha primeira startup. Ela foi reconhecida e apoiada pela Dell, uma empresa global líder em tecnologia. Esse reconhecimento começou a chamar atenção para o meu potencial no Brasil, levando várias pessoas a oferecerem mentoria para ajudar a moldar minha carreira.
A partir daí, consegui investimento para minha empresa e comecei a oferecer serviços de consultoria para outras startups que buscavam inovar em áreas como sustentabilidade, educação de qualidade e empreendedorismo social.
Apesar dessas conquistas, devo admitir que eu não era uma aluna de destaque academicamente. Minhas habilidades em disciplinas como matemática e química estavam longe de ser as melhores. Embora eu mantivesse notas razoáveis, certamente não era a melhor aluna da minha turma e, pelos padrões convencionais, eu não seria considerada uma "aluna da Ivy League".
Acredito que o que realmente me ajudou a entrar em Stanford foi meu verdadeiro desejo de fazer a diferença no mundo. Stanford gosta de estudantes de diferentes origens que gostam de trabalhar juntos. As pessoas frequentemente dizem que os estudantes de Stanford são gênios e sabem de tudo. Mas eu acredito que a verdade é que eles são pessoas trabalhadoras que querem fazer grandes coisas no mundo.
Sobre minha startup de EdTech
Eu criei uma startup de EdTech para melhorar o acesso a oportunidades educacionais e de desenvolvimento. Esse problema é especialmente importante no Brasil, onde muitas pessoas não têm essas chances.
Para resolver isso, desenvolvemos um aplicativo que usa inteligência artificial para conectar usuários com oportunidades educacionais, de desenvolvimento ou profissionais. Ao responder a um conjunto de perguntas, o aplicativo aprende sobre o perfil do usuário, levando em consideração não apenas dados demográficos, mas também situação financeira e interesses e paixões pessoais. Com essas informações, o aplicativo então conecta o usuário a várias organizações nas quais ele possa ter interesse em participar.
Atividades Extracurriculares
Eu não me descreveria como uma estudante polivalente. Em vez disso, concentrei-me em dois interesses específicos ao longo do meu processo de candidatura: empreendedorismo, liderança e inovação como um pilar, e envolvimento ativo na igualdade de gênero e projetos voluntários como o outro.
Além de ser empreendedora no Brasil, também trabalhei como ativista. Liderei grupos que criaram importantes leis nacionais para combater a pobreza menstrual, que é um grande problema no Brasil, já que muitas meninas não têm absorventes e outros produtos de higiene durante o período menstrual. Trabalhamos arduamente para aprovar uma lei que obriga o governo a fornecer esses itens gratuitamente a todas as meninas e mulheres que precisam. Agora, graças ao que fizemos, milhões de meninas no Brasil estão recebendo absorventes. Também trabalhei com revistas e boletins informativos para falar mais sobre igualdade de gênero e a importância das mulheres em posições de liderança e nas áreas STEM.
Embora não fossem os destaques da minha candidatura, também estive envolvida em outras atividades. Fiz parte do conselho estudantil da minha escola, especificamente no departamento de direitos humanos. Trabalhamos para aumentar a conscientização sobre questões como igualdade de gênero e direitos LGBT através de várias campanhas. Além disso, fui líder de torcida na equipe da minha escola. Embora não tenha ocupado nenhuma posição de liderança como capitã, fui uma participante ativa. Incluí essas atividades na minha candidatura, mas acredito que minhas principais contribuições para a igualdade de gênero e o empreendedorismo foram os aspectos mais destacados.
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Notas de testes e boletim escolar
Na minha opinião, se você consegue obter uma pontuação alta em testes como o SAT ou ACT, você deve se esforçar para isso e enviar suas notas. Mas se você é como eu e não se sai tão bem academicamente, mas tem muitas atividades extracurriculares e um perfil forte, pode ser uma boa ideia se candidatar com a opção test-optional, que foi o que eu fiz.
Em relação ao meu histórico acadêmico, o Brasil não usa o sistema GPA. Na minha escola, usamos um sistema de notas com quatro letras: 'MB' significa 'muito bom', 'B' significa 'bom', 'R' representa 'regular' e 'I' é basicamente reprovação. A maioria das minhas notas ficou entre 'B' e 'MB', que são 'bom' e 'muito bom', respectivamente.
TOEFL e DET
Quanto à proficiência em inglês, fiz o TOEFL, mas não consegui uma pontuação alta, provavelmente porque comecei a aprender inglês há apenas dois anos. Depois disso, fiz o Duolingo English Test e obtive 120 pontos. Essa era a pontuação que eu precisava enviar, então parei por aí.
Redação Pessoal e Ensaios Complementares para Stanford
Stanford exigiu oito ensaios complementares. Cinco deles tinham um limite de 50 palavras, e os três restantes tinham um limite de 250 palavras, tornando-os todos relativamente rápidos de escrever.
Quanto à minha redação pessoal, escolhi escrever sobre minha jornada no desenvolvimento das minhas habilidades de comunicação. No ensino fundamental, eu era extremamente tímida a ponto de as pessoas pensarem que eu era completamente silenciosa. Minha timidez me impedia de fazer amigos e laços familiares, e me limitava de alcançar meu pleno potencial na escola porque eu não conseguia participar totalmente.
No meu ensaio, escrevi sobre como melhorei minhas habilidades de comunicação. Essas habilidades são muito importantes para mim agora como empresária e ativista. Comparei isso a uma borboleta em um casulo, dizendo que assim como uma borboleta tem que trabalhar duro para sair de seu casulo e ser forte o suficiente para voar, eu tive que trabalhar duro em mim mesma para melhorar na comunicação. Hoje, as pessoas me conhecem como uma boa oradora em português.
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Conselhos para o Personal Statement
Primeiramente, eu aconselharia a não ler muitos exemplos de personal statements. Eu cometi esse erro e meu orientador notou que eu estava sendo influenciada pelas histórias, narrativas e estilos de escrita de outras pessoas. Acredito que você pode começar lendo cerca de 3 exemplos, mas além disso, concentre-se em criar sua própria narrativa e desenvolver seu próprio estilo de escrita. O objetivo de um personal statement é expressar sua história única, seu background e seus interesses. Ele deve revelar quem você é em sua essência.
Meu segundo conselho é começar o mais cedo possível. É um processo exigente que requer profunda autoconsciência. Você precisará entender seus interesses e articular sua história de maneira significativa. Espere fazer várias tentativas, rascunhos e revisões antes de chegar a uma versão que você goste.
Por último, recomendo fortemente os recursos fornecidos pelo College Essay Guy, que é realmente um guru nessa área. Eu fiz muitas das atividades de brainstorming dele, que podem ajudar você a mergulhar em suas próprias experiências e histórias.
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Transforme sonhos em objetivos
Sei que estudar em uma universidade de ponta é um sonho para muitos, mas acredito que é melhor enxergar isso como um objetivo. Essa mudança de mentalidade ajuda você a fazer um plano melhor, incluindo o estabelecimento de métricas claras de sucesso.
Com essa perspectiva, o processo de candidatura à universidade se torna mais fácil, porque você não está apenas fazendo coisas para melhorar sua aplicação; em vez disso, você está seguindo suas paixões e sonhos. Ter um propósito simplifica tudo, desde escrever sobre seus interesses até entender seu papel no mundo e o que você aspira ser.