Olá! Eu sou a Stella, do Peru. Venho de uma pequena cidade localizada na selva peruana. É uma colônia australiano-alemã onde quatro culturas coexistem: Asháninka, Andina, Austro-alemã e Yánesha. Além disso, Oxapampa é bem conhecida por suas áreas turísticas e gastronomia. Atualmente tenho 18 anos, então cresci aqui toda a minha vida, e sinto que o multiculturalismo formou uma parte fundamental de quem eu sou hoje e também me ajudou a encontrar um propósito na vida. Além disso, graças aos céus pouco poluídos de Oxapampa, descobri meu amor pela observação das estrelas e astronomia antiga. Venho de uma escola pública chamada Institución Educativa Emblemática Divina Pastora. Estudei lá desde os sete anos de idade, e no terceiro ano do ensino médio, quando mudamos para aulas virtuais, ganhei uma bolsa para estudar no COAR Pasco, uma escola IB, onde estudei durante o terceiro e quarto anos do ensino médio e depois retornei à Divina Pastora quando as aulas voltaram a ser presenciais.

A decisão que mudou tudo

Eu planejava entrar em uma instituição pública nacional, já que meus pais não tinham recursos suficientes para pagar uma boa instituição privada. Eu estava em um cursinho preparatório para entrar na Universidad Nacional Hermilio Valdizán em Huánuco. Durante esses meses, percebi que meu sonho era estudar no exterior para seguir minha carreira ideal: Astronomia. Eu sou apaixonada por Astronomia desde os oito anos de idade; no entanto, devido às barreiras econômicas, sociais e geográficas e ao fato de que, no Peru, não existe essa carreira, decidi deixá-la de lado. Contudo, ouvi através de entrevistas online que havia a possibilidade de estudar nos Estados Unidos através de bolsas de estudo. Portanto, comecei a me envolver mais no mundo da liderança: me inscrevi na Latin American Leadership Academy (LALA), me tornei voluntária na Comunidade SEIPAD e comecei a entrar em contato com pessoas que também estão no contexto de candidaturas universitárias. Decidi deixar o cursinho em Huánuco para me concentrar no processo de candidatura à faculdade, e foi desafiador. No início, quase toda a minha família achava que era uma perda de tempo, exceto meus pais. Eles me disseram: Se é o seu sonho, você deve persegui-lo.

Meu primeiro ano sabático

Durante meu primeiro ano sabático, dediquei-me a fortalecer meu perfil extracurricular e enriquecer o que já tinha. Enquanto estava no COAR, fundei uma ONG chamada Mentes del Futuro (Mentes do Futuro) com um colega. Este projeto focava em dar aulas virtuais de ciências para crianças em Oxapampa e outras regiões rurais. Enquanto morava em Huánuco, continuei esse trabalho, organizando aulas e expandindo nossas atividades para incluir palestras voltadas para estudantes universitários.

Ao mesmo tempo, me inscrevi para a bolsa de estudos Crimson Access Opportunity, embora tenha decidido adiar o processo para o ano seguinte porque senti que ainda não estava pronta. Nos últimos meses do ciclo de inscrição, decidi arriscar e me candidatar por conta própria. Minha inscrição era vaga e tinha várias deficiências.

No entanto, recebi um apoio inestimável de uma garota que conheci através da Comunidade SEIPAD chamada Arly e de pessoas que dedicaram seu tempo para revisar meus ensaios, atividades extracurriculares e outros documentos. Graças a esse apoio, consegui entrar na lista de espera de cinco faculdades, incluindo Hamilton, Wellesley, Reed, Swarthmore e Williams College. Finalmente, fui admitida no Hampshire College com uma bolsa de estudos integral, uma das duas bolsas que eles concedem anualmente.

Tive que recusar a oferta porque minha família não tinha recursos para cobrir os outros custos de frequência.

Meu segundo ano sabático

Eu descobri a oportunidade de me candidatar ao University Placement, uma bolsa de estudos oferecida pela LALA para apoiar candidatos internacionais. Fui aceita neste programa e no programa Opportunity Funds do EducationUSA. Além disso, pude utilizar minha bolsa Crimson Access Opportunity. Este ano, me candidatei com maior confiança no meu perfil, tendo construído uma base sólida e desenvolvido uma crença mais profunda em mim mesma como líder e como indivíduo.

Inicialmente, não planejava me candidatar a Stanford através da Restricted Early Action, pois me disseram que era particularmente difícil conseguir admissão por essa via. No final, decidi seguir meu coração, já que Stanford era a universidade dos meus sonhos. Não vou negar que um mês após enviar minha candidatura, me arrependi da minha decisão.

Sentindo-me ansiosa com a possibilidade de rejeição, continuei com outras candidaturas durante a rodada de Regular Decision. Então, na sexta-feira, dia 13, recebi minha carta de aceitação de Stanford. Analisei os detalhes da ajuda financeira e vi que havia recebido uma bolsa integral.

Por que Stanford

Sinto que Stanford é minha oportunidade de sair da minha zona de conforto, de poder crescer como pessoa e realizar meus sonhos, mas de uma forma que eu também aproveite a jornada. Estou acostumada a sacrificar talvez parte da minha juventude, mas não queria mais fazer sacrifícios assim, de ter que passar horas na frente do computador e apenas estudar. Stanford tem um equilíbrio perfeito entre vida social e esportes. Jogo basquete desde os oito anos de idade e também sou atleta de lançamento de dardo e disco. Adoro sair para assistir jogos de basquete, jogos de vôlei e tudo mais. No entanto, eu também queria uma universidade inovadora que me permitisse desenvolver projetos com os recursos que eu tivesse. É a universidade perfeita para mim.

Meus ensaios

Fui muito estratégica com meus ensaios, especialmente os para Stanford, já que a universidade exige vários. Cada ensaio, junto com minha declaração, me deu a chance de realmente mostrar quem eu sou. Para mim, isso foi mais um sinal de que Stanford era o lugar ideal para mim.

No meu ensaio do Common App, escrevi sobre a fundação do Mentes del Futuro, as experiências que tive relacionadas à minha cultura e a falta de oportunidades em Oxapampa, minha cidade natal. Refleti sobre os desafios de se desenvolver em campos pouco explorados como astronomia, química e biologia - as disciplinas que comecei a ensinar através do meu projeto. Também incluí lendas da minha cultura e expliquei como esses ensinamentos me ajudaram a superar os desafios que enfrentei enquanto desenvolvia o projeto. Essa abordagem destacou como as tradições dos meus ancestrais moldaram minha resiliência em superar obstáculos.

Um aspecto que se destacou foi a estrutura do meu ensaio: eu o projetei como um ciclo. Comecei com uma frase poderosa e concluí com a mesma ideia, incorporando uma conversa com meu irmão no último parágrafo. Terminei enfatizando que, embora eu tenha sido uma líder influente em minha comunidade, não serei a única. Plantei sementes para que outras crianças também possam se tornar líderes. Acredito que isso tornou meu ensaio especialmente impactante.

Apesar da minha insegurança inicial, especialmente devido à vulnerabilidade que compartilhei no meu ensaio, o feedback que recebi foi positivo. Aqueles que o leram me disseram que era um ensaio bonito e autêntico que refletia minha cultura, meus objetivos futuros e minha essência como pessoa.

Em relação aos ensaios curtos, concentrei o primeiro na educação. Descrevi como, nas áreas rurais, muitas crianças são forçadas a seguir os passos de seus pais e avós, realizando trabalhos fisicamente exigentes como a colheita de café ou frutas para vender. Refleti sobre como, através da educação, essas crianças poderiam perseguir seus sonhos usando suas mentes em vez de se limitarem ao trabalho físico.

No segundo ensaio, adotei um tom mais humorístico para equilibrar a seriedade do resto da minha candidatura. Escrevi sobre meu aniversário quando fui observar as estrelas com amigos, sobre as aulas interativas que continuei dando e sobre atividades culturais como a colheita de café com meus avós. Este ensaio me permitiu destacar aspectos da minha vida que não havia mencionado na seção de atividades extracurriculares.

Outro ensaio foi sobre um evento que eu gostaria de ter participado: um simpósio sobre astronomia ancestral. Refleti sobre como eu gostaria de compartilhar a perspectiva da juventude indígena e explorar como a astronomia ancestral pode complementar a ciência moderna.

Também escrevi sobre cuidar do meu irmão, que nasceu durante a pandemia, e como essa experiência me ensinou a ser mais autossuficiente. Outro ensaio abordou os aspectos mais importantes da minha vida: minha família, a natureza que me cerca em Oxapampa e como essas experiências me moldaram.

Finalmente, o ensaio que mais amei foi sobre astronomia ancestral. Descrevi como inicialmente pensei que não tinha conexão com a ciência moderna, mas quando participei das Astroclases na Universidade Nacional de San Marcos, descobri que muitas lendas ancestrais explicam fenômenos astronômicos de maneira acessível para comunidades indígenas. Isso me inspirou a sonhar em criar projetos de divulgação em Stanford que vinculem essas tradições com o aprendizado moderno.

Terminei minha candidatura com este ensaio de uma maneira poderosa, mostrando um perfil único que contribui significativamente para a diversidade e enriquecimento da comunidade de Stanford. Acredito que os oficiais de admissão viram nos meus ensaios alguém verdadeiramente único, capaz de trazer contribuições valiosas que não podem ser encontradas em nenhum outro candidato.

Minhas estatísticas

• Média: 18,9/20

• Oradora da turma

• DET: 130

• SAT: Opcional

Prêmios

• Medalhas Nacionais de Astronomia

• Medalhas nacionais em esportes

• Bolsista no programa Take Action Lab

• Prêmio de Liderança Feminina de Oxapampa

Atividades Extracurriculares

• Oficinas de divulgação de astronomia em comunidades rurais

• Projeto CHOCOHIERRO para combater a anemia em áreas rurais através de chocotejas com recheio fortificado com ferro

• ONG Mentes do Futuro para compartilhar oportunidades científicas

• Clube de Ciências COAR Pasco para ajudar estudantes do IB

• Jogar basquete e treinar outros jogadores

• Lançamento de dardo e disco