Ayasha é uma estudante de mestrado no programa de bolsas Erasmus Mundus Joint Masters. Ela está compartilhando o que aprendeu vivendo em vários países e como os estudantes podem se beneficiar de uma educação global. Esta entrevista foi originalmente publicada por topuniversities.com, que você pode ver aqui.

O início de sua jornada

Ayasha começou sua jornada como nômade acadêmica em 2017, quando estava concluindo seu bacharelado em seu país natal, o Cazaquistão.

Ela disse: "Fiz um semestre de intercâmbio na Espanha, e isso me fez perceber que não falo línguas suficientes, nem havia estado em muitos países. O mundo é enorme e há tantas oportunidades lá fora, então fui para três países diferentes em programas de intercâmbio e foi uma experiência que mudou minha vida.

"Durante meu mestrado, percebi que queria fazer algo semelhante onde pudesse me mudar para vários países e experimentar diferentes sistemas educacionais."

"Atualmente, estou fazendo meu mestrado em estudos do Sul da Europa através da bolsa Erasmus Mundus," (um programa de estudos integrado que permite que você se mova de um país para outro, envolvendo pelo menos três instituições de ensino superior diferentes).

Para dar uma ideia de quão diversificado é o programa, Ayasha já estudou na Universidade de Glasgow e na Universidade Autônoma de Barcelona, com Marselha, na França, alinhada como seu próximo destino.

Os benefícios de ser um nômade acadêmico

"A maior vantagem de estudar neste programa é poder melhorar minhas habilidades linguísticas," disse Ayasha.  

Além das minhas línguas nativas (russo e cazaque), também falo inglês, espanhol e francês, e atualmente estou aprendendo turco. Gosto do fato de ser muito multinacional. Já estudei com pessoas de 20 países diferentes - todos que conheço são poliglotas".

Além de aprender um novo idioma, Ayasha disse que há outros benefícios em estudar dessa maneira: "Isso te dá a oportunidade de trabalhar no país em que você está morando. Por exemplo, fiz um estágio enquanto estava em Glasgow, e acho que estudar e trabalhar em um país proporciona uma experiência muito mais rica do que apenas visitar como turista.

"Eu recomendaria aproveitar ao máximo o visto de estudante que permite trabalhar até 20 horas em países como o Reino Unido."

Em um nível pessoal, Ayasha diz que pular de um país para outro a cada semestre significa que você está constantemente exposto a um ambiente intercultural: "Isso amplia seus horizontes e você é capaz de ver o mundo de diferentes ângulos."

"Percebi que estava me tornando uma pessoa diferente e não estava olhando para uma situação com a mesma perspectiva de antes. Estudar no exterior vem com seus desafios, mas mostra que você é adaptável e flexível, além de dar a oportunidade de se tornar tolerante com outras culturas. Por mais clichê que pareça, eu estava me encontrando ao descobrir quais são meus interesses e o que importa para mim".

As diferenças nos sistemas educacionais ao redor do mundo

Em termos de sua educação, Ayasha aprecia o fato de que cada universidade permite que você se especialize em sua área de interesse. Depois de ter estudado políticas públicas e o mundo árabe na Espanha, ela se concentrará em questões de migração na França em seguida.

Com essa experiência em mente, o que ela aprendeu sobre os diferentes sistemas educacionais ao redor do mundo?

"O sistema de avaliação pode variar em diferentes países – às vezes você é avaliado pela sua nota final, enquanto outras universidades exigem que você passe por várias tarefas, como projetos em grupo, uma apresentação, além da sua tese final.

"Uma diferença interessante é como os professores avaliam seu trabalho. Em algumas universidades, você tem que enviar seu trabalho anonimamente, o que eu acho bom em termos de eliminar vieses, enquanto outras universidades são mais flexíveis. Ser capaz de notar essas diferenças realmente me permitiu comparar países e descobrir o que eu prefiro mais".

O que ela notou sobre as diferenças no estilo de ensino? "Algumas universidades ensinam de uma maneira em que fornecem uma quantidade limitada de informações para que você tenha mais tempo para trabalho independente.

"Já no Reino Unido, por exemplo, os seminários são uma oportunidade de explorar seu assunto através de discussões em grupo e debates. Eu realmente gostei que os professores nas universidades do Reino Unido dessem tempo para pensar sobre uma questão e nos encorajassem a expressar nossa opinião em sala de aula".

Conselhos para futuros estudantes

Para aproveitar ao máximo os estudos no exterior, Ayasha frequentemente faz uma lista de coisas para fazer em cada país onde mora. "Acho útil fazer uma lista de novas comidas para experimentar ou eventos para participar. Por exemplo, no Reino Unido, eu estava fazendo uma lista de lugares para ver na Escócia. Uma das principais vantagens de estudar na Europa é que você está a apenas algumas horas de distância de uma grande variedade de países".

Embora mudar de um país para outro possa parecer uma perspectiva assustadora em termos de fazer novos amigos, Ayasha recomenda contar com clubes e organizações para estudantes internacionais. "Os estudantes internacionais vão te entender melhor e muitas universidades organizam eventos como jantares internacionais e clubes de intercâmbio de idiomas para ajudar você a fazer amigos".

Ela também sugere encontrar eventos onde você possa conhecer pessoas locais para expandir sua rede de contatos, incluindo festivais e clubes de troca de livros.

Dito isso, ela reconhece que leva tempo e coragem para sair da sua zona de conforto. "Uma grande parte da jornada é perceber que você pode nem sempre ter o mesmo grupo de amigos, mas também há emoção em poder encontrar uma rede de pessoas com quem você pode compartilhar essa experiência.

"Uma das melhores coisas sobre ser um nômade acadêmico é que você está cercado por jovens líderes que estão todos buscando algo maior – isso ajuda a manter você motivado durante os momentos difíceis".