Olá! Meu nome é Samuel e fui aceito na turma de 2029 da Duke. Venha ver como eu consegui!

Minha Origem

Sou de São Luís do Maranhão, no Nordeste do Brasil. Estudei no Centro Educacional Colégio Azul do Cruz, ou COC, como gostamos de chamar.

Acho que eles foram muito solidários com a minha jornada, mas não sabiam nada sobre o processo de candidatura, então tive que explicar e ensinar muitas coisas a eles.

Por que estudar no exterior?

Acho que todo mundo sonha em estudar no exterior em algum momento, de uma forma mais casual. Para mim, começou na adolescência. Eu assistia vlogs no YouTube de pessoas fazendo o ensino médio no exterior e pensava: "Uau, essas pessoas moram fora, estão se divertindo tanto e têm acesso a uma qualidade de vida realmente inspiradora". No início, era apenas um sonho.

Com o tempo, porém, tornou-se mais acadêmico. Quando decidi que queria estudar relações internacionais, comecei a participar de simulações de Modelo das Nações Unidas. Foi então que notei um padrão: muitos estudantes no MUN compartilhavam o sonho de estudar no exterior, então isso meio que me contagiou um pouco.

O apoio dos meus pais também fez uma grande diferença. Toda vez que eu mencionava a ideia de estudar fora do Brasil, minha mãe e meu pai diziam: "Essa é uma ótima ideia. Você deveria ir em frente". Esse incentivo me deu confiança para ver isso como uma possibilidade real.

Mas o verdadeiro ponto de virada veio quando fui aceito na Universidade Estadual do Maranhão para estudar relações internacionais. Eu estava empolgado, me matriculei e comecei as aulas. Então, apenas uma semana depois, houve uma greve que acabou durando seis meses. Na metade do meu primeiro semestre, sem aulas e sem uma resolução clara, eu desisti. Percebi, eu não quero isso. Não quero passar por greves e instabilidade quando estou tentando construir meu futuro.

Essa experiência fez tudo se encaixar. Estudar no exterior não era mais apenas um sonho - era o caminho mais claro e sólido a seguir. Entre a inspiração inicial, meus interesses acadêmicos, o apoio dos meus pais e a realidade do sistema de educação pública do Brasil, eu sabia: vou estudar no exterior. Vamos fazer isso.

Quando comecei a receber os resultados das universidades, recebi várias rejeições. Então comecei a pensar em um plano B. Tipo, ok, se não der certo, para onde eu vou? E decidi pela Lituânia. Então, sim, se não fossem os EUA, teria sido a Lituânia.

Por que Duke?

Duke nunca foi minha universidade dos sonhos — o que é meio engraçado, porque para muitas pessoas, é. Na verdade, eu nem tinha planejado me candidatar. Não achava que tinha uma chance real, então tinha meus olhos voltados para UNC Chapel Hill, porque eles têm uma taxa de aceitação mais alta.

Isso mudou em 23 de dezembro. Eu estava revisando meus ensaios complementares com um mentor, e do nada, ele disse: "Por que você não se candidata a Duke em vez de UNC?" E eu pensei "Isso realmente faz sentido". Então decidi arriscar e me candidatar.

Escrevi meus complementos para Duke em um dia e meio. Ele os revisou e disse: "Parece bom, pode enviar". Então eu enviei.

E então — fui aceito. O que me chocou completamente. Eu não estava esperando isso de jeito nenhum. Na verdade, nem abri minha carta de aceitação por um dia e meio porque simplesmente não conseguia acreditar que pudesse ser real.

Quando finalmente abri, fiquei atônito. Como assim vou para uma das 5 melhores? Uma das 6 melhores universidades? Ainda parece surreal.

Fatores Acadêmicos e Dicas

Minhas estatísticas são um pouco complicadas, principalmente porque minha escola usa um sistema de dois GPAs. Seguimos o mesmo modelo dos cursos preparatórios do Brasil, então nossos exames são baseados no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Nossas notas são influenciadas pela TRI, o modelo de Teoria de Resposta ao Item usado no ENEM.

Por exemplo, se eu tirasse 750 na seção de matemática de um simulado do ENEM, acabaria com uma nota final 8 (de 10). Mas se eu tirasse 750 na seção de humanas, receberia um 10. O sistema de pontuação é complexo.

Levando tudo isso em conta, quando a TRI é aplicada e convertida, meu GPA seria 3,8. Mas quando conversei com os responsáveis pelas admissões nos EUA, eles disseram que meu GPA seria 3,2.

Quanto ao meu SAT: fiz três vezes. É engraçado, na verdade. Minha primeira pontuação foi 1350, depois nas outras duas vezes tirei notas mais baixas, então acabei não usando minhas pontuações.

Além disso, fiz o DET e minha pontuação final foi 130.

Definitivamente não sou o mais qualificado para dar conselhos sobre o SAT. Mas se eu tivesse que dar um, por mais clichê que pareça, seria: não se pressione demais. Eu me causei muita ansiedade por causa do SAT, foi honestamente um grande problema na minha vida. Então não quero que outras pessoas se estressem como eu.

Atividades Extracurriculares

Eu usei uma técnica arriscada na seção de atividades, que foi: escolhi as duas atividades que mais moldaram minha vida e visão de mundo, e as descrevi usando quatro entradas.

A primeira é meu trabalho voluntário. Tive o privilégio de trabalhar como voluntário com refugiados no Oriente Médio, especificamente na Jordânia, mas também no Quênia, na África. Lá, trabalhei com refugiados e comunidades de baixa renda. Eram grupos enfrentando extrema segregação internacional, com pouco ou nenhum apoio de organizações como a ONU.

Na Jordânia, trabalhei em um campo de refugiados sírios, onde ajudei a supervisionar atividades junto com a equipe com a qual estava trabalhando. No Quênia, apoiei refugiados somalis indocumentados.

Então, usei duas entradas no Common App: uma para falar sobre o trabalho na Jordânia e outra para falar sobre o Quênia.

Também incluí meu trabalho com mídias sociais na organização onde fui voluntário. Basicamente, usei essas duas vagas de atividades para falar sobre funções diferentes, mas conectadas, dentro da mesma organização. Não era exatamente o mesmo trabalho, mas eles se complementavam.

A segunda atividade foi minha experiência em pesquisa acadêmica: tive a oportunidade de trabalhar com a Dra. Amanda Madureira, que possui doutorado pela Universidade de Sevilha e é especialista em organizações internacionais. Conheci-a durante meu tempo na Universidade Estadual do Maranhão, e ela me convidou para participar de um grupo de pesquisa independente fora da universidade. Através desse grupo, tive a oportunidade de publicar alguns trabalhos — resumos expandidos, artigos revisados por pares, periódicos.

Ao longo de um ano, publiquei quatro textos acadêmicos: um artigo completo, dois resumos expandidos e um artigo em um periódico.

Meu Personal Statement

Na verdade, usei um ensaio que tive que escrever para outra candidatura como minha declaração pessoal. Obviamente, refinei-o para torná-lo melhor. Minha declaração pessoal acabou sendo sobre sentir saudades de casa.

Cresci assistindo vídeos no YouTube de adolescentes indo para o ensino médio nos EUA, e isso despertou em mim esse desejo profundo... de sentir saudades de casa. E há também Gonçalves Dias, meu poeta favorito, que escreveu um famoso poema chamado 'Canção do Exílio', um poema sobre a saudade de casa.

Então, uni esses dois elementos da minha vida e moldei o ensaio em torno do meu desejo de um dia sentir "saudade de casa". Eu queria deixar o Brasil, experimentar novas culturas e comunidades, e finalmente sentir essa saudade. Falo muito sobre comida e comunidade e como tudo se conectou durante meu trabalho voluntário com refugiados.

Quando cheguei à Jordânia, esse sentimento finalmente me atingiu: senti saudades de casa. Eu havia alcançado esse objetivo. Mas então comecei a trabalhar com refugiados, e eles também sentiam saudades de casa. Só que a saudade deles não era escolhida. Era forçada. Eles foram forçados a deixar suas casas.

E foi então que percebi: saudade de casa é um privilégio romantizado. Porque a verdadeira essência de sentir saudades de casa é ter um lugar para onde voltar, mas os refugiados não têm isso. Eles não têm um lar para retornar — suas casas foram bombardeadas.

Então, terminei minha declaração pessoal com esta reflexão: Agora, como alguém que quer trabalhar em relações internacionais e políticas públicas, minha missão é garantir que todos possam sentir saudades de casa — mas com um lar para retornar. Neste momento, estou no meu quarto, em São Luís do Maranhão. Estes são meus livros e todas as pequenas coisas que colecionei ao longo da minha vida. Isso é o que me faz sentir saudades de casa. E os refugiados? O que os faz sentir saudades de casa? Meu objetivo é ajudar a reconstruir isso, para garantir que um dia eles também possam sentir falta de suas pequenas coisas.

Auxílio Financeiro

Recebi uma bolsa integral para estudar na Duke University. Só precisei enviar um CSS Profile completo e, como a moeda real está desvalorizada, fui presenteado com isso.

Minha bolsa integral cobre tudo, desde os custos normais como mensalidade, alojamento e alimentação, até minha passagem de avião.