Antecedentes

Meu nome é Alexia Radut e sou de Craiova, Romênia. Frequentei o Colégio Nacional Fratii Buzesti no perfil de ciências naturais, onde estudei matemática, física, química e biologia no ensino médio. Atualmente, estou cursando Bacharelado em Medicina na Universidade de Groningen, na Holanda, estando no meu segundo ano aqui.

Atividades Extracurriculares

Entrei na Universidade de Groningen com estas atividades extracurriculares:

• Um estágio médico com um clínico geral*, um programa de voluntariado na Inspeção de Emergência Médica;

• Participei em um curso de primeiros socorros;

• Atividades de voluntariado com o Interact, que é uma associação comunitária, e realizamos trabalhos baseados na comunidade;

• Doações para crianças com deficiência ou crianças em hospitais;

• Fui diretora de recursos humanos em uma organização, e também presidente da mesma organização;

• Fiz o exame Cambridge C2 (francês também);

• Participei de um curso online de três meses sobre esquizofrenia oferecido pela Universidade Wesley. Após o término das aulas, tive que fazer um teste e, com base nesse teste, recebi um diploma.

Comecei essas atividades extracurriculares assim que iniciei o ensino médio, mas me concentrei no aspecto médico a partir do 2º ano do ensino médio.

*Clínico geral - Quando você vai a qualquer clínico geral e o acompanha por uma semana. Você vê suas atividades diárias, como eles interagem com os pacientes, como estabelecem um diagnóstico, como prescrevem medicamentos. Se você tiver sorte, eles também podem deixar você fazer algumas coisas mínimas. Por exemplo, me deixaram fazer curativos ou limpar feridas. Aqui, você obtém a verdadeira comunicação médica e experiência em primeira mão.

Por que os Países Baixos?

Decidi que queria estudar no exterior assim que comecei o ensino médio. Eu não queria ficar no país por causa do sistema educacional.

Inicialmente, eu queria ir para o Reino Unido, mas depois do Brexit, isso não era mais uma opção. Tive que encontrar outro país de língua inglesa e os Países Baixos pareciam a melhor opção para mim. O programa dos Países Baixos é mais baseado na lógica, no pensamento crítico, na aprendizagem entre pares e em coisas práticas.

Groningen e Maastricht são as únicas universidades que oferecem um programa de Bacharelado em medicina ministrado em inglês nos Países Baixos, mas escolhi Groningen porque tem um dos programas médicos mais focados na prática.

Processo de Admissão

Sistema Educacional

Estou fazendo Bacharelado em Medicina, e depois seguirei com o Mestrado e o programa de Residência.

Nos Países Baixos, também existe um curso, um minor chamado Honours College. Eles selecionam as melhores pessoas em todas as universidades, em todos os bacharelados, com base em notas, seu currículo, carta de motivação e carta de recomendação. O programa é um curso multidisciplinar competitivo e inclui tarefas projetadas para incentivar o pensamento usando diferentes perspectivas, como médica, jurídica, financeira e psicológica. Essa abordagem ajuda os estudantes a se prepararem para os desafios do mundo real após a formatura.

No segundo semestre do segundo ano (meu caso), os estudantes podem escolher um minor; neste caso, escolhi um minor em negócios.

No terceiro ano, trabalharei em um projeto de pesquisa, colaborando com um grupo diversificado de diferentes programas de Bacharelado. No final, os estudantes apresentam seus projetos e se formam com um diploma de Bacharelado em sua área e um Diploma de Honours.

Estrutura de Admissão

O processo de admissão foi mais difícil do que eu esperava porque nos Países Baixos eles querem ver quão profundamente você pode pensar. Cada ano, eles escolhem um tópico que você recebe um mês antes do exame real. Você tem dois exames que precisa fazer - o cognitivo, onde você recebe tópicos relacionados à medicina, e o não-cognitivo, que é baseado em ética médica. Ambos os exames foram presenciais, então eu tive que estar lá.

O primeiro exame

Me candidatei em 2023 e o tópico era osteoporose, osteopenia e fraturas por fragilidade em idosos. Recebemos um material de estudo bastante extenso, cerca de 500 páginas, que tínhamos que estudar em um mês. O exame foi difícil porque não era apenas reproduzir o que você leu. Eles davam casos e, com base no que você leu naqueles estudos clínicos, você poderia chegar a um diagnóstico ou prescrever um tratamento.

O segundo exame

Eu também tive que aprender sobre o sistema legal na medicina, o que você pode fazer, o que não pode fazer. No exame de ética, recebemos três casos controversos de ética médica. Por exemplo, fomos separados em equipes e recebemos um caso sobre uma paciente com demência que não podia decidir por si mesma, embora sua condição fosse potencialmente fatal e ela precisasse de cirurgia.

Eu diria que os materiais não ajudam muito quando você se depara com o caso em si, porque é nesse momento que seu pensamento lógico e compaixão vêm à tona. Claro que eu tinha todas as diretrizes na minha mente, mas naquele momento, eu apenas pensei rapidamente e me perguntei: "Ok, sou médica agora, o que devo fazer?" e meu raciocínio me garantiu um lugar aqui.

Procedimento de Admissão

Primeiramente, você deve enviar seu currículo junto com sua carta de motivação, carta de recomendação e o exame de inglês C1 (Cambridge, IELTS, TOEFL etc.) até 15 de janeiro. O portal de candidatura para os Países Baixos é o StudieLink.

Depois de enviar seu currículo, você recebe os materiais de estudo para ambos os exames. Os exames são em meados de fevereiro, e você tem que esperar dois meses pelos resultados; eu recebi os meus em abril.

Eu tive o baccalaureate* no final do ensino médio, em junho, e depois disso, tive que enviar meu histórico com as notas que obtive. Mas as notas que obtive no baccalaureate não importavam muito, era para eles verem que eu concluí o ensino médio.

baccalaureate* - Exame de classificação romeno que se faz no final do 12º ano

Avaliação

Nos Países Baixos, os exames de admissão não fornecem uma nota; em vez disso, eles usam uma pontuação de seis números, que é usada para classificar os estudantes. Eles não te dão uma nota como 100, 99 ou 98. Após os exames, todas as pontuações são comparadas e classificadas em ordem. O número de classificação reflete seu desempenho em relação aos outros.

Por exemplo, se todos tiverem um desempenho ruim, e a pontuação mais alta for 60, a pessoa com 60 será classificada em primeiro lugar.

Meu número de classificação foi 15, com base no meu desempenho nos exames cognitivo e não-cognitivo. Este sistema é todo sobre comparação, não notas individuais. Sua classificação depende de quão bem você se saiu em comparação com outros candidatos.

A carta de motivação nos Países Baixos tem uma estrutura específica que você precisa seguir.

Primeiro, explique por que você escolheu o assunto e por que quer estudar medicina. Qual é sua motivação por trás disso?

Em seguida, aprofunde-se em seu currículo, explicando por que você fez essas atividades e o que aprendeu com elas. Fale sobre como elas impactaram você e mudaram seu pensamento.

Depois, explique por que você escolheu esta universidade específica. O que te motiva a estudar lá?

A última parte é onde você explica por que a universidade deveria querer você. Por que você seria uma boa adição à equipe deles? O que eles podem ganhar tendo você? Você pode incluir uma história pessoal.

No entanto, não precisa ser um evento que mude a vida. Você pode simplesmente dizer que sua motivação vem do desejo de ajudar as pessoas. O importante é ser honesto e convincente sobre por que você escolheu esta área.

*Por exemplo, nos EUA, você tem que escrever toneladas de redações. Você tem que ser impactante e contar uma história cada vez, ser o mais dramático e inspirador possível. Fiquei realmente surpresa com o fato de que aqui é mais voltado para o lado prático, é mais fácil dessa maneira.

Planejamento financeiro

Apoio financeiro

Quando me mudei para cá pela primeira vez, eu não sabia nada sobre apoio financeiro. Meu único suporte financeiro era através dos meus pais, que ainda me apoiam financeiramente.

No entanto, descobri sobre as bolsas duo, que são algumas bolsas do governo que você pode obter aqui. Você precisa se candidatar se for estudante e pode receber algumas compensações financeiras. Mas agora também tenho um emprego. Trabalho como assistente de professor, então também ganho algum dinheiro por conta própria. Você pode dar aulas particulares para alunos de anos inferiores e eles pagam muito bem. Por exemplo, o trabalho de assistente de professor paga 20 euros por hora.

A mensalidade em si é de 2500 euros por ano, mas no primeiro ano é 1000 euros. Você não pode obter bolsas de estudo nos Países Baixos porque eles consideram que a mensalidade já é baixa o suficiente. Você tem muitas oportunidades de emprego, seja na universidade ou em outros lugares, como em cafeterias ou lanchonetes.

Orçamento Mensal

Eu moro em Groningen, que é uma cidade universitária, então os aluguéis não são tão altos quanto em Amsterdã. Para a parte de aluguel, os preços variam entre 400 e 800 por mês. Para alimentação ou saídas, você vai gastar cerca de 300-400 euros, considerando que você cozinha para si mesmo e só sai de vez em quando. Como estudante internacional, você precisa ter algum apoio financeiro dos seus pais, porque caso contrário, não acho que alguém consiga se virar apenas com um emprego de estudante. Existem alguns descontos para estudantes, é claro, como em todos os países.

Vida Estudantil e Adaptação

Vida Social e Fazendo Amigos

Eu me mudei para cá no final de agosto do ano passado e participei de uma semana de introdução internacional com pessoas de todo o mundo. Fiquei surpresa porque os amigos que fiz naquela semana ainda são alguns dos meus melhores amigos que vejo toda semana. Nós realmente nos conectamos e os relacionamentos que criei são muito significativos.

Você é um estudante internacional e está longe da sua família, então todos os amigos internacionais que você tem são sua segunda família. Vocês precisam uns dos outros, e é por isso que as conexões são assim. Eu amo estar em uma comunidade internacional; meus amigos são de todo o mundo!

Além disso, todo mundo é muito mente aberta, então é fácil fazer amizades aqui. Todos te integram, ninguém discrimina ninguém.

Adaptação a um Novo Sistema de Ensino

A transição do sistema educacional romeno para o holandês foi desafiadora. Estudar era difícil inicialmente porque eu não sabia como estudar neste novo contexto. Os dois primeiros exames foram difíceis, pois eu tinha que descobrir como aprender efetivamente. Levou cerca de três meses para me ajustar ao sistema.

A educação médica holandesa se concentra no raciocínio clínico em vez de apenas teoria. Você não estuda anatomia, histologia ou fisiologia separadamente. Em vez disso, você estuda doenças, com pacientes vindo às aulas semanalmente. Essa interação ajuda a colocar tudo em contexto. Você ainda estuda os componentes teóricos, mas eles estão ligados à compreensão das doenças. Isso foi um grande ajuste para mim, aprender a estudar dessa maneira enquanto gerenciava uma enorme quantidade de material. Por exemplo, algumas semanas exigem estudar 500 páginas. O pensamento seletivo é essencial - saber no que se concentrar e o que passar rapidamente para questões de livro aberto. A ênfase está na compreensão e aplicação, não na memorização.

Ética e desenvolvimento profissional também são parte integrante. Além dos exames, temos cursos projetados para nos preparar para o futuro. Na medicina, isso inclui comunicação médica, com psicólogos ensinando comunicação eficaz com pacientes. O treinamento científico se concentra em habilidades de pesquisa, leitura de artigos e autodesenvolvimento em pesquisa. Também há reuniões com coaches e tutores enfatizando liderança, comunicação e colaboração. O objetivo é desenvolver especialistas médicos bem completos.

Acomodação

No primeiro ano, quando me mudei para cá, eu morei em uma acomodação estudantil. Na Holanda, eles têm lugares cheios de estudantes que alugam. Você socializa muito e faz amigos, e é realmente fácil conseguir esse tipo de acomodação.

Você não precisa falar com os proprietários diretamente; você apenas assina um contrato, e eu encorajaria as pessoas a se candidatarem para moradia estudantil no primeiro ano. E depois disso, você pode, é claro, se mudar com alguém ou encontrar outro lugar por conta própria.

Estudando em Outro Idioma

Tudo é em inglês, mas eu não considero isso difícil. Quando você começa a estudar em um idioma diferente desde o início - porque eu comecei medicina em inglês - todo o meu vocabulário médico está em inglês, então é realmente fácil.

No entanto, meu mestrado será em holandês, porque você precisa se comunicar com os pacientes. Você tem que trabalhar em um hospital, então medicina é o único assunto na Holanda que requer saber holandês. Eu tenho que aprender holandês para o programa de mestrado, mas temos cursos de holandês na universidade. Em um ano e meio, eu tenho que estar fluente para poder continuar com o Mestrado.

Equilíbrio entre Trabalho e Vida

Todo mundo sabe que medicina é muito trabalho, muitos longos dias de estudo e talvez noites sem dormir quando você tem um exame se aproximando. Isso é verdade, e eu não nego isso. Tenho dias em que estudo quase sem parar. Mas se você é bom em gerenciamento de tempo, você também pode encontrar muito tempo para si mesmo. No primeiro ano, eu estava lutando um pouco. No primeiro semestre, não acho que tive muito tempo para atividades sociais. Mas agora está tudo bem, e apenas duas semanas antes de um exame eu começo a me concentrar profundamente nos estudos.

Eu geralmente nunca recuso atividades sociais. Ainda encontro tempo para meus amigos, para relaxar, para fazer algo nos fins de semana. Em Groningen, você tem um festival, um mercado, muitas coisas acontecendo o tempo todo. Geralmente, você pode encontrar coisas para fazer na cidade ou apenas com amigos na casa de alguém.

A parte mais desafiadora

O fato de que, de repente, você é deixado para descobrir tudo por conta própria. Você não tem alguém em quem se apoiar; você tem que descobrir como pagar seu aluguel, gerenciar suas finanças, cuidar da casa, fazer compras. Você precisa prestar atenção à sua vida social e a tudo mais. E, claro, na primeira vez que você acaba em um país diferente, você está sozinho porque não tem amigos. Então, pode ser um pouco assustador, mas lentamente, tudo melhora. E acredite em mim, realmente melhora. Você começa a aprender como gerenciar tudo, fazer amizades, e no final, tudo acaba dando certo.

Saudade de casa

Sim, como estudante internacional, a saudade de casa é realmente uma grande parte. Mas ajuda muito saber que você tem bons amigos aqui que se importam com você. E então, é claro, você volta para casa, e tudo vale a pena porque você vê sua família e seus amigos.

Os Países Baixos são duais?

Definitivamente, eles oferecem opções tanto para quem quer STEM quanto para as artes. Nos Países Baixos, existem universidades de pesquisa e universidades de ciências aplicadas, atendendo a diferentes preferências. Em Groningen, você tem muitas opções.

Para áreas focadas em teoria, como medicina, direito ou engenharia, as universidades de pesquisa oferecem teoria aprofundada e oportunidades de pesquisa.

Para áreas mais práticas, como psicologia, comunicações internacionais, negócios ou artes, as universidades de ciências aplicadas enfatizam a experiência prática em vez da teoria. Ambos os tipos oferecem oportunidades iguais e são reconhecidos no mesmo nível.

Conselhos da Alexia

Para um aluno do 9º ano

Não deixe ninguém dizer que seus sonhos são grandes demais; se você tem um, vá em frente. Não se menospreze porque o único limite que realmente temos é nossa própria mente. Você pode alcançar tudo o que quiser, e se as pessoas disserem que suas metas são muito altas, esse é problema delas, não seu. Vá atrás dessas metas, e você vai alcançá-las se trabalhar duro o suficiente.

Para um estudante do 1º ano

Fica melhor. As pessoas ficam assustadas quando chegam aqui pela primeira vez, não sabem como lidar com tudo ao seu redor. Elas sentem saudades de casa e também sentem que não são boas o suficiente porque a carga de trabalho é muito alta. Estamos falando sobre universidade, sobre um nível acadêmico em um país diferente, em um idioma diferente.

É difícil se candidatar internacionalmente?

Não, não é porque muitos países estão abertos a pessoas internacionais. A única parte difícil é obter as informações sobre os procedimentos de admissão, porque quando as pessoas querem estudar no exterior, elas simplesmente não sabem por onde começar. Você pode obter essas informações com orientadores de estudo ou simplesmente fazendo uma pesquisa no Google no site da faculdade para a qual deseja se candidatar. O principal aspecto é estar informado e tomar uma decisão informada sobre qual faculdade é a certa para você. Se você começar a trabalhar no ensino médio e for realmente ambicioso, e tiver tudo o que precisa, então não há problema.