Minha História
Eu sou Tigran. Nasci em Ijevan, na Armênia, a duas horas de carro ao norte de Yerevan, na região de Tavush. Cresci tanto em Ijevan quanto em uma vila próxima chamada Achajur. Para o ensino médio, frequentei o Liceu de Ijevan, uma escola pública comum. Foi lá que tudo começou.
Por que escolhi estudar no exterior? Por que os EUA?
Para ser sincero, não comecei com um grande sonho de estudar no exterior. Mas ir para os EUA sempre esteve no fundo da minha mente — uma espécie de sonho de infância de assistir filmes e séries de TV. Ainda assim, não parecia realista no início.
Tudo mudou quando minha mãe me incentivou a me inscrever em um programa financiado pelo governo dos EUA chamado Competitive College Club — 11 meses de aconselhamento e preparação intensiva para a faculdade. Foi aí que percebi: não é impossível ser aceito em universidades de ponta no exterior — mesmo vindo de uma escola pública de uma cidade pequena em Ijevan.
Assim que vi a oportunidade, decidi que tinha que aproveitá-la.
Escolhi os EUA em particular porque a maioria das 50 melhores universidades do mundo está lá — além de talvez Oxford e Cambridge. Além disso, na Armênia, para obter um adiamento do serviço militar para educação, sua universidade precisa estar entre as 50 melhores globalmente. Então fazia sentido.
Por que Berkeley? + outras opções que eu tinha
Eu estava realmente com medo de não ser aceito em nenhuma universidade, então me candidatei a mais de 20. Minha universidade dos sonhos era Princeton — fui rejeitado. Depois veio a UCLA, que era minha primeira opção depois disso — rejeitado novamente.
Curiosamente, há muitos rejeitados da UCLA em Berkeley, e vice-versa. É assim que funciona.
No final, fui aceito em cerca de 9 ou 10 universidades, incluindo NYU, Northwestern, Johns Hopkins, University of Michigan – Ann Arbor e University of Minnesota. Mas escolhi a UC Berkeley — porque era a universidade de maior ranking em que fui aceito.
Não tive a oportunidade de visitar nenhum campus (como os estudantes americanos costumam fazer), então baseei minha decisão puramente em pesquisa e rankings. E estou feliz por ter escolhido Berkeley. A Bay Area, São Francisco e o ambiente do campus — simplesmente parece certo.
Fazendo Pré-Direito com Especialização em Ciência Política
Pré-Direito não é uma especialização formal nos EUA — refere-se apenas ao caminho de preparação para a faculdade de direito. Tecnicamente, qualquer especialização pode ser pré-direito, até mesmo arte ou design.
Estou me especializando em Ciência Política, que é uma das especializações mais populares para estudantes de pré-direito. No momento, porém, não estou fazendo planos definitivos. Na verdade, estou mais inclinado a fazer um doutorado em vez de ir para a faculdade de direito, porque faz mais sentido quando eu voltar para a Armênia, em vez de um J.D. (Doutorado em Direito), que é necessário para exercer a advocacia nos EUA. Minha decisão precisa de mais consideração. Ainda faltam dois anos para me formar, então tenho tempo.
Estatísticas
Eu fiz o IELTS e o SAT. Me preparei para o IELTS pegando o ônibus para a capital (YVN) e voltando duas ou três vezes por semana, porque não tínhamos um tutor de IELTS em Ijevan. Minha pontuação no SAT foi razoável no geral, mas tive uma nota baixa na seção de inglês, então não a enviei para nenhuma escola. Felizmente, a maioria das universidades dos EUA era test-optional na época — e muitas ainda são.
Quanto ao GPA, comecei a me esforçar muito no 12º ano. Como eu não tinha acesso a aulas AP ou diplomas IB como os estudantes de escolas americanas ou de elite, trabalhei em estreita colaboração com meus professores — pedindo tarefas extras, garantindo que meu histórico acadêmico se destacasse.
Quase todas as minhas notas finais foram 10 de 10.
Redações e Cartas de Recomendação
Escrever as redações foi uma loucura intensa. Eu costumava ficar na escola até as 23h ou até meia-noite, sentado com meu orientador universitário e escrevendo as redações linha por linha. Eu realmente precisava desse impulso. É tão fácil se distrair — especialmente no último ano do ensino médio.
Geralmente não há uma maneira específica que as universidades dos EUA querem que as redações sejam escritas. Mas elas certamente buscam algo. Para facilitar essa busca, você não deve contar toda a história da sua vida. Cada redação responde a uma pergunta específica, como uma sobre liderança, onde você deve compartilhar um momento particular que destaque suas habilidades.
Seja preciso. Seja específico. Não seja vago ou filosófico. Use histórias reais.
Atividades Extracurriculares
Por onde começar? Desde o primeiro ano, estive envolvido na escola de dança, depois fui para a escola de música, onde aprendi a tocar violão — isso foi um toque especial na minha candidatura.
Também experimentei vários esportes:
Karatê (por meio ano — sim, incluí o diploma!)
Luta livre
Natação
Não sei se os comitês de admissão olham para cada uma das suas conquistas, mas elas certamente não prejudicam.
O que acho que mais importou foi meu envolvimento com a comunidade. Participei de quase todas as ONGs da nossa região, como a Cruz Vermelha da Armênia e o Infotun. Fizemos projetos que iam desde a conscientização sobre a poluição dos rios até a solidão entre idosos e liderança juvenil. Isso é especialmente relevante para alguém que se candidata a ciências políticas, mas é importante independentemente — para mostrar que você é ativo e engajado além dos estudos.
Porque você pode ter um GPA perfeito de 4.0, mas se nunca sair de casa? Isso provavelmente não será suficiente.
Financiamento
Esta parte foi difícil.
Como universidade pública, as UCs não oferecem ajuda financeira para estudantes internacionais. Mesmo assim, assumi o risco e aceitei a oferta de Berkeley — então comecei a me candidatar a todas as bolsas e fontes de financiamento armênias que pude encontrar.
Me candidatei à Fundação Huys, Fundação Azarian, AGBU, doadores individuais, bancos e empresas. Fui rejeitado muitas vezes. E quando digo muitas, é MUITAS mesmo. Mas não desisti. Em certo ponto, até enviei uma carta pessoal ao Primeiro-Ministro da Armênia explicando minha situação e conquistas. E funcionou — consegui a maior parte do meu financiamento do governo, e o restante de bolsas e doadores individuais.
Consegui cobrir meu primeiro ano, e tenho repetido o processo a cada verão desde então. Não é fácil, mas é possível.
Vida Estudantil em Berkeley
Eu amo agora — mas o começo foi realmente difícil.
Meu visto foi rejeitado na primeira vez. Foi aprovado 10 dias depois, mas esse atraso significou que cheguei atrasado ao campus. Perdi a orientação, os tours de boas-vindas e, sim — nunca recebi minha garrafa de boas-vindas ou os brindes de Berkeley!
Quando cheguei com duas malas gigantes, ninguém me recebeu. Eu não fazia ideia para onde ir. Acabei pedindo a uma garota próxima para emprestar seu telefone, e ela me ajudou a descobrir — ela era russa, a propósito, então pelo menos tínhamos algum idioma em comum.
Tive sorte de ter um ótimo colega de quarto que me apresentou ao seu grupo de amigos. Ainda assim, foi difícil me adaptar no início. Eu não falava inglês desde que fiz o IELTS meses antes. Então, eu estava me comunicando com uma mistura de mãos, pés e expressões faciais.
Mas quando você está imerso no ambiente, você se adapta. Você não tem outra escolha.
Eu não sabia o que esperar da vida estudantil nos EUA — cultural, social e academicamente. Mas aprendi. E tentei manter minha identidade armênia também. Entrei para a Associação de Estudantes Armênios no meu segundo semestre, e conheci muitos estudantes armênios no campus. No geral, há cerca de 200 armênios em Berkeley no total.
A maior parte da minha vida diária, no entanto, passo com meus amigos do dormitório.
Planos para o Futuro
No momento, não estou planejando muito à frente. Posso ir para a faculdade de direito, ou posso buscar um doutorado. A decisão depende de como cada opção me servirá melhor quando eu voltar para a Armênia. Prefiro me manter focado no presente porque, se você ficar pensando demais em um futuro muito incerto, vai perder literalmente tudo o que está acontecendo com você aqui e agora, no momento. Às vezes isso é difícil - sim - mas estou convencido de que viver no presente é a maneira correta de viver sua vida. Claro, isso não significa que você deva deixar seu futuro ao acaso. Planejar com cuidado é útil; pensar demais - não.
Conselhos para Candidatos Internacionais
Peça ajuda. Não tenha vergonha ou medo de pedir auxílio. É completamente normal não saber tudo — especialmente quando você está navegando em um sistema educacional desconhecido de outro país.
Não hesite em contatar as universidades. Muitos escritórios de admissão estão dispostos a ajudar os candidatos com redações, auxílio financeiro e questões gerais. Use esse recurso — ele está lá para você.
Seja persistente. Você pode enfrentar várias rejeições — de bolsas de estudo, programas, até embaixadas — mas não deixe que isso o impeça. Continue. Continue se candidatando.
Conheça seu valor. Você não é um forasteiro "tentando entrar" nas universidades americanas — você faz parte do mesmo grupo de candidatos. Você pertence lá tanto quanto qualquer outra pessoa.
Use a globalização a seu favor. Hoje, graças à internet e aos programas internacionais, estudantes de lugares como pequenas vilas na Armênia podem entrar em universidades globais de ponta. Essas oportunidades são para você também.
Se parecer certo — arrisque-se. Seja escolhendo uma escola de ponta com financiamento incerto ou voando para um país que você nunca viu — às vezes, o risco vale a pena. Para mim, valeu.
