Como Tudo Começou
Minha história começou no sétimo ano, quando comecei a me preparar para a Olimpíada de Matemática e me interessei por matérias STEM. Naquela época, eu me imaginava estudando matemática em uma universidade. No oitavo ano, ganhei uma bolsa de estudos integral para a Shoqan Walikhanov Private School. Apesar de não ser uma escola internacional e de estudarmos em cazaque, a escola tinha um programa no qual eles nos davam uma lista das dez melhores universidades dos EUA e, se fôssemos aceitas em uma delas, a escola pagaria por nossos estudos.
No nono ano, comecei a fazer meus próprios projetos e participei de programas como o TechGirls e o Solve for Tomorrow da Samsung. Mesmo não tendo ganhado, foi uma ótima experiência, e foi aí que o sonho de estudar no exterior se tornou muito real. Sou a primeira pessoa da minha família a estudar no exterior, então foi algo novo para os meus pais, mas eles apoiaram minha escolha.
Por que eu não acreditava em faculdades garantidas
Todo mundo fala sobre faculdades garantidas, mas eu não acho que elas funcionem para estudantes internacionais de baixa renda. Eu percebi que, na verdade, é mais difícil entrar em uma faculdade garantida do que em uma faculdade top 10 se você precisa de uma bolsa integral. Eu não conheço nenhum estudante internacional que estude em Lafayette, por exemplo, mas conheço muitos que estudam em universidades top 20.
Eu também não pude me candidatar para a Europa ou para o Reino Unido, porque nosso sistema de ensino tem apenas 11 anos e eu teria que completar um ano preparatório (foundation year). Eles também não costumam oferecer bolsas de estudo integrais, e eu precisava de apoio financeiro total. Minhas únicas opções “seguras” de verdade eram no Cazaquistão.
Por que escolhi a UC Berkeley
Candidatei-me à UC Berkeley através do processo de candidatura regular (Regular Decision) e recebi a minha aprovação em fevereiro. Adorei a UC Berkeley por causa do seu programa M.E.T. (Management, Entrepreneurship & Technology). Eles aceitam apenas 50 alunos por ano, incluindo estudantes locais. Berkeley é uma universidade grande, mas este programa proporciona uma comunidade pequena e muito unida. A UPenn tem um programa semelhante, mas acho que o programa de engenharia de Berkeley é mais forte. Acredito sinceramente que escolheria este programa em vez de qualquer outra universidade.
Bolsa de Estudos
Minha escola cobria todas as despesas da faculdade para os alunos que entravam em uma das 10 universidades que eles identificaram como as melhores. A lista incluía principalmente as Ivy Leagues, mas a UC Berkeley também estava nela!
A candidatura para as UCs
O sistema da UC é diferente do Common App. Eles não seguem o formato de 10 atividades extracurriculares e 5 honrarias. Em vez disso, eles dão 20 espaços para atividades e prêmios. Eles também fazem 6 perguntas de reflexão pessoal, e você escolhe 4. Eu foquei nos meus projetos porque gosto de construir coisas, e senti que isso se alinhava com o que o programa M.E.T. se trata: empreendedorismo e querer alunos que fazem coisas no mundo real.
Meu Projeto do Cinto
Um dos meus principais projetos foi um cinto que monitora a saúde do bebê para mulheres grávidas. Meu cofundador, que era um ano mais velho que eu, tinha uma história pessoal sobre querer ajudar a mãe dele. O cinto fica ao redor da barriga e monitora a temperatura, a frequência cardíaca e outros dados. Ele se conecta a um aplicativo de celular, que eu programei. Mulheres grávidas não podem fazer ultrassons todos os dias, então podem perder sinais importantes. Nós queríamos resolver isso. Acabamos recebendo investimento de uma clínica particular em Astana.
Como estudantes podem começar projetos
Quando comecei, o primeiro mês foi bem intenso, mas participar de competições ajudou demais. Ao se inscrever em programas como o Solve for Tomorrow ou o TechGirls, você é praticamente obrigada a criar apresentações, vídeos e slides. É assim que você recebe feedback e vai melhorando o projeto. Hoje em dia, dá pra postar no LinkedIn ou no Instagram e chamar as pessoas para um bate-papo com café pelo Zoom.
Outras Atividades Extracurriculares
O meu projeto do cinto durou do 9º ao 11º ano, até que meu cofundador se formou. Nesse período, também participei do LaunchX na University of Michigan, onde trabalhamos em equipes em um aplicativo de correspondência para prestadores de serviços. Também fiz o Lumiere Research, onde escrevi um artigo de 15 páginas analisando o kit de ferramentas Saito para equidade em ambientes de trabalho, educação e saúde. Meu mentor era um professor da South Wales University, no Reino Unido. Depois, fiz o Ladder Internships e trabalhei na FinanceGPT, onde fui estagiária de software, trabalhando com engenheiros, fazendo desenvolvimento front-end e criando dashboards em Python para análise financeira. Por último, fui mentora de crianças em programação. Eles estavam no quarto ou quinto ano e eram muito novos, mas engajados.
Minhas pontuações nos testes
Minha pontuação no IELTS foi 8.0 e no SAT foi 1490, sendo 790 em Math e 700 em English. A parte de Math foi mais fácil por causa da minha base, e a de English do SAT foi mais difícil porque foca em pensamento crítico. A leitura do IELTS parece mais fácil por ser inglês puro, enquanto o SAT exige lógica, compreensão de argumentos e um vocabulário forte. Eu estudava para o SAT todos os dias por cerca de três horas, ao mesmo tempo que conciliava os trabalhos da escola e outros projetos.
Como conheci meu mentor e por que a mentoria é importante
Trabalhei com o Max Doyle da Luminary Education, que teve um papel muito importante na minha jornada, e ainda mantemos contato. Sinceramente, acho que todo mundo deveria ter um mentor. Pela experiência, um mentor sabe coisas que você não sabe e consegue te orientar. Hoje em dia, as redes sociais estão cheias de histórias e conselhos enganosos que não devem ser seguidos cegamente. Um mentor como o Max me ajudou a navegar pelo verdadeiro processo seletivo, a moldar minha história e a aprimorar minhas redações.
Meus conselhos para quem vai se candidatar
Nem todo mundo pode pagar por um mentor, então procure estudantes das universidades que te interessam. Alguns vão te ignorar, mas outros vão ajudar.
O GPA é importante. Mesmo que você tenha projetos fortes, seu GPA ainda demonstra disciplina. O ensino médio é mais fácil que a faculdade, então, se você não consegue se concentrar no ensino médio, eles vão pensar que você não vai dar conta da faculdade.
Eu sei que você vê histórias de pessoas que entraram em faculdades de ponta com GPAs baixos ou sem SAT. Lembre-se que muitos são cidadãos americanos ou simplesmente casos isolados. Berkeley é uma universidade estadual, e 90% dos estudantes são da Califórnia. Estudantes internacionais não devem se comparar a esses casos.
Pense bem ao escolher as faculdades, especialmente no ED. As taxas de aceitação para estudantes americanos podem ser altas, mas para os internacionais, elas podem ser de 5% ou até zero, por conta do auxílio financeiro.
Se você não conseguir ajuda financeira suficiente, pode procurar empresas locais ou empresários no seu país.
Como está sendo a faculdade até agora
Minha primeira semana aqui foi empolgante, mas também um pouco triste. Depois da orientação, a ficha caiu rapidamente de que estou sozinha, minha família está longe e eu tenho que resolver tudo por conta própria. Mas a faculdade tem ótimos sistemas de apoio, mentores e orientadores. Eu também tenho 17 anos porque completei apenas 11 séries, então sou mais nova que a maioria dos estudantes.
Eu pego muitas matérias e tenho aulas das 8h às 18h. Gosto de ter uma agenda cheia. Geralmente, durmo por volta das 23h ou meia-noite e, mesmo durante as férias, continuei acordando às 7h30 porque já estou acostumada. A faculdade te dá muito tempo livre, e você precisa usá-lo com sabedoria, porque a vida social é intensa e é fácil se distrair.
Fora das aulas, eu vou para a academia e faço estágio no Berkeley National Lab como estagiária de análise de negócios, onde ajudo a automatizar decisões financeiras criando dashboards em Python. Não há muitos estudantes internacionais aqui, então a maioria dos meus amigos são dos EUA, embora a comunidade de estudantes internacionais organize eventos, o que ajuda.
Berkeley é muito legal e maior do que eu esperava. Nos fins de semana, eu vou para a Berkeley Marina, que é um lugar tranquilo com água e um parque. A natureza na Califórnia é incrível. San Francisco fica perto, e eu pego o BART para ir a eventos ou fazer compras.
