Um pouco sobre mim

Olá! Eu sou o Fabricio, um biólogo molecular e pesquisador no Laboratório Ohainle da UC Berkeley, onde minha equipe e eu estudamos vários retrovírus que afetam humanos e primatas. Antes de mergulhar na minha experiência no exterior, deixe-me primeiro compartilhar um pouco da minha jornada e como minha paixão pela pesquisa começou.

Minha educação no Peru

Eu venho do Peru, onde fiz minha graduação em Biologia na Universidade "La Agraria". Interessei-me pela biologia porque sempre fui curioso sobre microrganismos. Embora sejam tão pequenos e minúsculos, eles são cruciais para os processos ambientais, o que me fez querer investigá-los mais a fundo! Na universidade, minha paixão pela microbiologia se aprofundou à medida que concentrei meus estudos em doenças infecciosas e me juntei ao Clube de Revista de Virologia Molecular, onde minha equipe e eu discutíamos diferentes artigos de pesquisa sobre epidemiologia, imunologia e biotecnologia relacionados a vírus. Além disso, tivemos aulas sobre conceitos de biotecnologia que poderiam ajudar a criar vacinas e tratamentos contra diferentes infecções retrovirais.

Essa experiência me deixou realmente interessado em estudar doenças infecciosas. No entanto, infelizmente, o Peru é um país que destina muito pouco investimento às universidades públicas; portanto, não havia laboratórios focados em doenças que eu pudesse me juntar na minha universidade. Ainda assim, não deixei que isso desanimasse minha paixão pelo tema e me juntei ao Laboratório de Doenças Infecciosas da Universidad Peruana Cayetano Heredia. Lá, aprendi a ser mais criativo e a pensar fora da caixa quando não havia recursos suficientes para investigar.

A falta de recursos no meu país, minha vontade de explorar diferentes comunidades e minha ambição de continuar investigando em um laboratório desenvolvido e preparado me levaram a me candidatar a bolsas de pesquisa no exterior.

Candidatando-se no exterior

Minha jornada no mundo dos "estudos no exterior" começou quando entrei no REPU (Research Experience for Peruvian Undergraduates), que é uma comunidade de profissionais comprometidos em ajudar estudantes de graduação peruanos, organizando estágios de pesquisa científica nas melhores instituições do mundo, além de outras atividades que promovem seu desenvolvimento profissional.

Ao fazer parte do REPU, recebi o treinamento necessário para me candidatar a programas de pesquisa no exterior e me conectei com meu futuro chefe na UC Berkeley. Para me candidatar a este programa, passei por um processo de três etapas. Primeiro, tive que escrever uma declaração pessoal e de pesquisa para demonstrar meu interesse em desenvolver ciência em meu país. Em seguida, tive que enviar um vídeo explicando em palavras simples minha experiência em pesquisa e qual foi a coisa mais perspicaz que aprendi durante minha curta carreira científica. Por fim, tive uma entrevista onde primeiro tive que dar minha opinião sobre um artigo científico e depois falar sobre meus objetivos de longo prazo como cientista e como planejo contribuir para o meu país.

Logo após o término do processo, fui felizmente aceito! Eu tinha algumas opções para escolher o laboratório em que queria trabalhar. Escolhi o Ohainle Lab, pois as pessoas lá pareciam ser mais próximas umas das outras, e eu queria me sentir parte da comunidade e explorar uma posição de longo prazo, o que de fato fiz quando cheguei.

O que eu faço no Laboratório Ohainle?

Minha equipe e eu estamos atualmente estudando o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), que é um retrovírus que infecta especificamente algumas células do sistema imunológico humano e causa a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Além disso, estudamos outros retrovírus que infectam outros primatas, mas não os humanos, então tentamos especificamente elucidar as barreiras genéticas que nos protegem contra a transmissão viral entre espécies.

O sistema imunológico humano tem evoluído por milhões de anos para restringir infecções virais através de proteínas antivirais de ação direta. Um grupo de proteínas desconhecidas pode restringir certos vírus, mas não outros, o que representa uma barreira à transmissão entre espécies de retrovírus como o Vírus da Imunodeficiência Símia (SIV) para células T CD4 humanas. Assim, meu projeto se concentra em identificar quais proteínas imunes inatas nos protegem contra diferentes espécies de SIV. Acredito que minhas descobertas futuras ajudarão a elucidar os detalhes da imunidade ao HIV, bem como fornecerão insights sobre a evolução dos retrovírus em primatas.

Minha vida em Berkeley

Acho que a Califórnia é o lugar ideal para eu morar, já que há muitos estudantes internacionais! Fiz muitos amigos da América Latina e de todo o mundo. No nosso tempo livre, gostamos de sair para bares e assistir jogos de futebol. Além disso, gosto de praticar esportes como natação, mergulho, corrida e caminhada; ter acesso à maioria das instalações da UC Berkeley é definitivamente incrível! Às vezes, a carga acadêmica é muito rigorosa e intensa, e pode ser difícil equilibrar no início, mas você se acostuma com o tempo.

Acho que minha parte favorita dessa experiência, além da minha pesquisa científica, são os happy hours depois do trabalho ou de uma aula. Nos encontramos com meus amigos e professores e comemos algo, pizza e bebemos para discutir o que aprendemos ou como estamos nos saindo como cientistas.

Minhas dicas

Nunca feche as portas. Estudar como graduando não é a única maneira de estudar no exterior. Continue sempre tentando e procurando oportunidades, programas ou conexões que possam ajudá-lo a alcançar seu sonho. Uma vez que você estabelecer essas conexões, aproveite-as e não as deixe escapar.

Nunca é tarde demais para perseguir suas ambições, mesmo que seu país não ofereça essas oportunidades.